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FERNANDO RODRIGUES
"Democratas"
BRASÍLIA - O PFL muda hoje de
nome. Vai se chamar Democratas.
A lei não exige mais das agremiações políticas a inclusão da palavra
"partido" em seus nomes.
Essa obrigação esdrúxula surgiu
no final da ditadura militar (1964-1985). Na transição, havia só dois
partidos: a governista Arena (célula-tronco do PFL) e o MDB (a oposição consentida).
O pluripartidarismo voltou em
1980. Os militares e a Arena pretendiam dificultar a vida do MDB, cuja
popularidade era crescente. Proibiram novas siglas sem a palavra
"partido". Assim, todos mudariam
de nome. Deu tudo errado. O MDB
virou PMDB. Acabou tendo ainda
mais força.
Um fração da Arena se desgarrou.
Formou o PFL. Sem projeto claro, a
sigla definha há quase uma década.
Elegeu 105 deputados em 1998.
Caiu para 82 em 2002. No ano passado, só 65 cadeiras. Sofreu um ataque especulativo das agremiações
lulistas. Desidratou-se e estacionou
em 58 vagas na Câmara.
Na democracia, os pefelistas nunca chegaram ao poder central com
quadros próprios. Esbaldavam-se
com as gordas migalhas caídas das
mesas de Sarney, Collor, Itamar
Franco e FHC. Com Lula, estão à
míngua. "É uma lipoaspiração", disse o pefelista Jorge Bornhausen sobre a perda de quadros.
Pode ser. O partido aproveita a silhueta mais leve e aposta em uma
geração mais jovem. Rodrigo Maia,
de 36 anos, será eleito hoje presidente nacional da legenda.
Vai dar certo? Impossível dizer.
Olhando de perto e levando em
conta o passado pefelista, o viés está
mais para o fracasso. O partido não
tem vínculos orgânicos com a sociedade. Até aí, nada de novo.
O mal maior ocorrerá se os pefelistas desmoralizarem também a
palavra "democratas". Seria uma
contribuição nefanda desse grupo
para o já frágil conceito de democracia em vigor no país.
frodriguesbsb@uol.com.br
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